Artigo: é preciso reconhecer os diferentes desafios das famílias e estimular o potencial de educar com respeito e afeto

Com a chegada da pandemia de Covid-19 no Brasil e preocupados com a saúde de nossos profissionais e adolescentes mobilizadores, estamos desenvolvendo o trabalho desde nossas casas. Há dois meses, todas as atividades presenciais foram interrompidas e passamos a adequar nossa atuação aos ambientes virtuais. O compromisso da Rede Não Bata, Eduque é com a integridade física e psicológica de crianças e adolescentes, com o apoio às famílias no fortalecimento de seu papel protetor, com a divulgação de estratégias positivas de educação e cuidado e com o desenvolvimento de metodologias que envolvam criança, adolescentes e jovens no incentivo e elaboração de práticas não violentas para resolução de problemas e conflitos.

A pandemia tem apresentado inúmeros impactos negativos na vida das pessoas, não só na esfera da saúde física, mas também na saúde mental, por meio do medo, incerteza, ansiedade, estresse, irritabilidade, e no âmbito econômico e social, com a possibilidade de perda de trabalho, dificuldade de acesso à renda e até mesmo a fome para muitas famílias brasileiras. Num país com tantas desigualdades, o combate ao vírus tem sido vivenciado de forma diferente por muitas famílias. As fragilidades sociais estão expostas e a implementação de medidas emergenciais por parte das três esferas de governo são imprescindíveis, como apresentado no documento das Recomendações do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), publicada em 25 de março, para minimizar os impactos e garantir a proteção integral de crianças e adolescentes.

Outro efeito colateral do isolamento social pode ser o aumento da violência interpessoal, especialmente entre parceiros íntimos e pais e filhos. O aumento da violência contra a mulher e o feminicídio durante a pandemia tem sido noticiado, porém a violência doméstica contra criança e adolescente pouco aparece nas estatísticas, fato que nos preocupa, pois se a questão ficar invisibilizada, dificilmente políticas públicas de proteção e que possam contribuir com o rompimento do ciclo de violência serão estabelecidas.

Nós, da Rede Não Bata, Eduque, reconhecemos os desafios vivenciados pelas famílias, muitas delas monoparentais, que precisam estar 24 horas por dia, sete dias por semana, cuidando das crianças e adolescentes, com a suspensão das aulas – sem a possibilidade das crianças irem à praça, jogar bola ou brincar na rua – a demanda imposta pela escola em acompanhar e até mesmo ensinar os conteúdos das aulas que nesse período estão sendo realizadas em casa, e a necessidade de conciliar home office ou trazer o sustento para sua família com a perda de renda e a impossibilidade de trabalhar. Ufa! Até mesmo os super-heróis teriam dificuldade para dar conta de tudo isso, sem lidar com os sentimentos que tais desafios trazem.

Por acreditarmos no potencial de cada família a educar e cuidar das crianças e adolescentes com afeto, respeito, diálogo e cooperação, estamos compartilhando dicas de educação positiva voltada para mães, pais e responsáveis, informações sobre canais de apoio, denúncia, campanhas e incentivando a participação de crianças e adolescentes no cenário da Covid-19.

Incentivamos a todos os adultos a nominar seus sentimentos, reconhecer que estamos passando por um momento muito difícil e jamais vivido por nós, a se cuidar para que possam cuidar de seus filhos, e principalmente, ouvir as crianças e adolescentes, buscando redefinir com elas e eles o significado de “estar em casa”, estabelecendo combinados, uma rotina que inclua horários para brincar, estudar e, acima de tudo, fortalecendo os laços de confiança e afeto.

Aproveitamos para parabenizar todos os profissionais da saúde, assistência, limpeza urbana e outros serviços essenciais que precisam atuar no combate ao Covid-19.

Se puder #FiqueEmCasa.

Por Marcia Oliveira – coordenadora da Rede Não Bata, Eduque

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