Save the Children no Brasil: avaliação e monitoramento da Rede Não Bata, Eduque

A Save the Children, representada pela equipe do Programa de Apoio à Sociedade Civil (PASC), esteve no Rio de Janeiro para um encontro com o grupo gestor, secretaria executiva, funcionários e adolescentes da Rede Não Bata, Eduque (RNBE).

Realizado na última semana, o evento, chamado OCD (sigla em inglês para Desenvolvimento de Capacidades Organizacionais), teve o objetivo de avaliar e contribuir para o fortalecimento do trabalho da RNBE por meio de oficinas. Entre as categorias de avaliação, foram levadas em conta a gestão, política, advocacy, participação, comunicação, articulação em rede e sustentabilidade. A partir do resultado das oficinas, foi organizado um plano de ação a ser seguido nos próximos quatro anos.

Ao final da semana, a equipe da Save teve uma vivência prática da metodologia das rodas de diálogo na Clínica da Família Alkindar
Soares Pereira Filho, em Pedra de Guaratiba (RJ), onde também está em exibição a exposição “Toda casa tem que ter carinho”.

Diferenciais: relação horizontal e participação de jovens

A responsável pelo desenvolvimento de capacidades organizacionais e de monitoramento do PASC, Elisabetta Necco, destaca a diferença entre rede e organização da sociedade civil.

“É a primeira vez que usamos essa metodologia com uma rede, que tem uma complexidade maior em relação a uma organização da sociedade civil. É interessante entender como se chega a um consenso, o processo democrático que usam para a tomada de decisões, é uma rede horizontal, não funciona muito a questão da hierarquia. Foi um grande aprendizado para a Save the Children”, explicou.

Como diferencial metodológico e de incidência, a diretora do PASC, Ann Linnarsson, considera a participação de adolescentes como mediadores das rodas de diálogo. “Eu acho que os outros parceiros do PASC deveriam ver como a Rede Não Bata, Eduque trabalha com os jovens mediadores. Isso é muito inovador. Muitos países trabalham com a educação de pais, mães,  professores, profissionais, mas sempre de adulto para adulto. A experiência que vimos nessa visita, de como os próprios jovens fazem esta promoção [do tema] é muito impactante”, elogiou.

Ann lembra ainda que a América Latina é a região em que mais países avançaram em termos legislativos na proibição dos castigos físicos e humilhantes. No entanto, ainda há muita dificuldade em se aplicar a lei. Para ela é fundamental o apoio mútuo entre as organizações sediadas nesses países. “Cada país tem um contexto diferente, mas muitos dos nossos parceiros encontraram maneiras inovadoras de fazer incidência política. Vejo uma grande oportunidade da Rede Não Bata, Eduque exportar e compartilhar suas experiências, e também aprender novas ideias e práticas dos parceiros”, afirmou.

*Vídeo em espanhol

Violência contra crianças na região

Embora cada território corresponda a uma realidade, o estudo elaborado pela Save the Children “Violência contra crianças e adolescentes na América Latina e Caribe” coletou, em 2015, dados de pesquisas referentes a índices de violência na região e constatou que os níveis são altos e crescentes.

De acordo com estatísticas da WHO, os cinco países com os mais altos índices de homicídios de adolescentes são Venezuela, Honduras, Colombia, El Salvador e Brasil. Sobre crianças vítimas da violência relativa ao tráfico de drogas, a região latino-americana e caribenha está em segundo lugar, apenas abaixo da África Subsaariana, com 62% de meninos e meninas, como mostra pesquisa do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) de 2014. Em relação aos castigos físicos e humilhantes, uma a cada duas crianças com menos de 15 anos estão sujeitas à prática em casa. Em contrapartida, há um avanço legislativo em curso: 10 países do bloco já proíbem por lei esse tipo de violência (Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Peru, Costa Rica, Bolívia, Venezuela, Nicarágua e Honduras).

A equipe da Save the Children está promovendo o OCD no Brasil com a RNBE e com o Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ceará (Cedeca-CE), e em outros países da região onde há organizações parceiras do PASC, como Argentina, Peru, México, Guatemala, El Salvador.

O PASC Save the Children busca contribuir para a melhoria de processos por meio do diálogo com parceiros;  monitorando a Convenção sobre os Direitos da Criança e do Adolescentes; implementando o Sistema de Garantia de Direitos onde é inexistente; realizando trabalhos de incidência política; incentivando os estados a incluírem recursos para a área da infância em seus orçamentos. O programa tem previsão para terminar em 2021.

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